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A Idéia Queria
apresentar uma história de aventura em que alguém mais fraco subjulgava
alguém mais forte sem usar da força. E nem muito da inteligência. Para
isso, esse personagem precisaria usar de poderes sobrenaturais ou habilidades
sobrehumanas. Escolhi algum tipo de poder que nunca tinha visto em uma
animação. O dom de controlar tecidos. Spawn, de Todd MacFarlane tem uma
capa simbionte que protege seu hospedeiro em caso de ameaça. É um tecido
que age por conta própria. No caso do Homem que Controla os Tecidos, as
mantas têxteis o obedecem, não agem por conta própria. Não é preciso explicar
como ele faz isso, mas, pode-se supor que as células do algodão, mesmo
depois de mortas, assim como os fios de poliéster ou lã, ao disporem-se
em forma de malha, têm uma tensão superficial parecida com a da trama
das células do cérebro do Homem que Controla os Tecidos. Isso ocorreu
por má formação do órgão, mas graças a isso ele adquiriu este poder, conseguindo
comunicar-se com os tecidos parecidos. |
Homem que Controla os tecidos atuando sobre o carpete do apartamento com seu poder paranormal. |
Escritos Desenvolveu-se
o roteiro a partir do poder do homem. A idéia seria ele salvar
uma mulher e depois recebê-la como prêmio. Mas para ser mais
engraçado, isso teria que acontecer sem a permissão dela. |
Policiais olhando para o prédio onde o sequestrador mantinha a mulher como refém. Os movimentos e os enquadramentos de câmera são estudados durante o storyboard, assim como o som da animação. |
Roteiro : Em uma noite, em uma cidade qualquer, em um prédio de 7 andares, uma mulher desesperada grita na janela estando segura por um homem armado, no 5° andar. Do outro lado da rua, policiais observam o prédio e falam por um megafone. Surge um homem magro e diz querer entrar no prédio. A polícia se junta ao redor dele para impedir, mas suas roupas viram-se contra eles enquanto o homem magro vai a passos rápidos em direção a o prédio. A escadaria do prédio desemboca em um quinto andar escuro e com os papéis de parede rasgados pela umidade. O homem magro sobe até o quinto e vai em direção do apartamento do final do curto corredor. Tenta olhar para dentro do apartamento pelo olho mágico ao mesmo tempo que tenta abrir a porta e descobre que ela está trancada. Do lado de dentro do apartamento, silenciosamente, o carpete vermelho se levantava como uma tromba em direção à porta e a destranca, fazendo somente então um ruído de metal estalando. Imediatamente o ruído chama a atenção do homem armado, que se encontra em uma janela, logo a frente da porta, do outro lado do aposento, dentro do apartamento. Totalmente em fúria, o homem dispara três vezes em direção a porta aberta, que revela a figura do homem magro. Nisso, três tiras do carpete se rasgam e buscam os projéteis no ar, impedindo-os de atingir o homem magro. O sequestrador, então, tenta apontar a arma para a cabeça da mulher, mas a cortina da janela onde ele estava o puxa para um esmagamento fatal. A mulher que estava em poder do sequestrador olha entre o terror e a incompreensão para o sequestrador esmagado enquanto tenta recuperar a respiração ofegante. De repente, sorri agradecida, ainda tensa para o homem magro. Até que suas roupas se rasgam, deixando-a nua, e ela faz cara de medo / indignação enquanto ouve a risada do homem magro. |
Cenários Os cenários foram desenhados com grafite e pintados com guache, giz pastel e lápis aquarelado e caneta sobre papel canson. Essa etapa mostrou-se fácil, pois já estava familiarizado com as técnicas de desenho e pintura no papel. Procurou-se manter um clima sombrio nas ‘locações’ da animação utilizando-se cores amortecidas, quase sem vibração. Dessa forma, o carpete era de um vermelho vinho escuro, as paredes de um amarelo acinzentado e as portas e janelas de um verde leitoso / acinzentado. As formas tinham um traço ríspido, porém curvilíneo. A composição toda apresentou um ambiente sombrio e abstrato, já que usava cores desconformes. |
Essa é a fachada do prédio onde as coisas acontecem. |
Células O número de desenhos feitos foi calculado de acordo com o tempo que cada expressão corporal / facial levava para ser representada na vida real. Para auxiliar essa etapa de pegada de tempo, gravei o som da animação em um gravador e cronometrei o tempo que cada cena, de acordo com o ruído, levava. |
Esse é o gravador usado para pegar os sons dos movimentos e conseguir o tempo dos mesmos. |
Desenhos Para efeito de economia de tempo e para maior força na expressão do desenho, não fiz o pencil test. Esta etapa consiste em flipar os frames da animação para conferir se o movimento flui naturalmente. É extremamente necessária no caso de querer sincronizar os movimentos labiais dos personagens com suas falas. Também é ótima para perceber problemas com o timing da animação. O problema é que é uma etapa demorada do processo, que me acarretaria problemas com o prazo. Foi uma decisão dolorosa, pular esta parte, mas tomei-a devido ao fato de não haver precisão da sincronia labial ( as falas, adicionadas depois, não serão em uma língua compreensível ), a querer valorizar a experiência do movimento dramático do traço e a ter, inconvenientemente lembrando, um prazo curto. Os desenhos foram sendo feitos com bico de pena e nanquim sobre o acetato. Eram feitos os desenhos dos extremos das expressões faciais e corporais dos personagens ( e dos tecidos ) e, entre um extremo e outro, eram desenhados o restante dos frames necessários para se conseguir a impressão de movimento. |
Não se trata de um fantasma vagando pelo corredor. São pontos-chaves da animação, entre os quais são desenhados as células restantes de acordo com o tempo que a tarefa deve levar. Se um passo do personagem leva meio segundo, entre um ponto e outro são desenhados 3 posições, totalizando 5. Essas 5 células, depois de pintadas e fotografadas, viram 5 frames que são exibidos em 0,5 segundos. |
Pintura dos Acetatos
A etapa de pintura das células foi feita usando-se látex, tinta acrílica,
guache e a combinação desses para se obter as cores necessárias para a
pintura. A tinta era aplicada na parte de trás da célula, de modo a não
cobrir os traços dos desenhos. Foi preciso aplicar duas mãos de tinta
em cada célula para que a pintura ficasse opaca e o cenário por trás dos
personagens não aparecesse. |
As células eram pintadas por trás para que não se perdesse o contorno do traço. |
Fotografia
Para fotografar os acetatos sobre seus cenários correspondentes,
usou-se uma câmera digital. Essa câmera, uma MX-1200 da Fujifilm,
deveria estar bem apoiada e a iluminação, bem feita. Para
se iluminar, foram usadas duas lâmpadas spotone de 60W e para se
usar a câmera conseguindo-se movê-la para qualquer lugar perpendicularmente
ao objetivo da fotografia, foi feita uma truca. |
A truca construída em ferro e pintada de preto para dar o menos reflexo possível foi feita por Rodolpho Bertolini. |
Ficha de Animação Essa animação contou com alguns movimentos de câmera que ajudaram a compor o clima de ação. A câmera ora acompanhava ora aproximava-se do objeto animado, limitada apenas pela bidimensionalidade do papel. Para esses movimentos de câmera darem certo, a câmera precisava ser (re) posicionada precisamente a cada fotografia. Sua posição X,Y e Z foi estudada e anotada na ficha de animação antes de começar a etapa de fotografia. A ficha de animação foi elaborada de um modo análogo à etapa de desenho : duas partes extremas da cena eram montadas com as respectivas células e então enquadradas. Em cada enquadramento, a posição da câmera era anotada. Tendo-se o X, Y e Z dos enquadramentos extremos, e tendo um número n de enquadramentos entre os extremos, faz-se a seguinte conta : (Xo
– Xf) / n + 1 = fator X Esse fator encontrado é o número que deve ser adicionado ao número do último enquadramento para se conseguir a posição do enquadramento seguinte. Xo = posição X inicial da sequência e Xf = posição X final da sequência. Procede-se da mesma forma para as posições Y e Z da câmera. |
A ficha de animação é onde devem ser anotados, calculados e observados o número das células, o cenário e a posição da câmera. Nela também vão observações sobre o som e o tipo de movimento que está ocorrendo. |
Ordenando as Fotos
Uma vez obtidas as imagens pela câmera digital, basta descarregar
os arquivos no disco rígido do computador e organizá-los
em pastas de acordo com a cena. O disquete da câmera, do tipo Smart
Media, comporta apenas 4Mb de arquivos. Isso fez com que, a cada cena,
eu precisasse descarregar os arquivos para depois esvaziar o disquete
e seguir fotografando algumas vezes, pois 4Mb equivale a aproximadamente
23 fotos na configuração de máquina que eu estou
usando, e as cenas tinham mais de 23 frames. |
O Flash permite exportar os videos em vários formatos e com várias compactações. Foi usada a frequênciade 10 fps e tamanho 640 x 480 pixels. |
Ordenando as Cenas
As cenas exportadas pelo Flash foram ordenadas no Adobe After Effects. Entre as cenas começo e corredor, gostaria que o grito agonizante do guarda ecoasse pelos momentos de iniciais da escada do prédio. Assim, fiz a cena do grito ‘se dissolver’ na cena da escada. Para isso, escolhe-se a cena ( começo ), os extremos do tempo que se quer que o efeito aconteça e escolhe-se o efeito e a intensidade. Neste caso, apliquei ao mesmo tempo os efeitos de transparência ( mudando a opacidade da cena de 100% para 0% ) e de borrão ( o conhecido Blur, muito semelhante ao do Photoshop ). |
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Sonorização Encontrar a trilha foi quase um acaso. Durante as intermináveis sessões de pintura de célula, ouvia muita música de todos os tipos. Uma vez, fuçando nos CDs da minha irmã, encontrei um que nunca tinha ouvido. Sabia que ela conhecia os músicos e que eram de Brasília, mas eu não sabia que tipo de som tocavam. Ao ouvir o CD, encontrei um trabalho sonoro intenso e quase hermético. Procurava uma trilha que passava o nervosismo e incompreensão que a animação teria, tendo ao mesmo tempo o ritmo que pudesse fazer as cenas unirem-se com a música. O casamento entre a terceira faixa do CD ‘Música Descontrolada’, de Rodrigo Cobra e Toronto Viramundo foi perfeito. |
A trilha do CD foi digitalizada e aplicada na animação no After Effects 3.1. |
Finalização Depois de aplicada a trilha sonora, a animação estava completa. Mandou-se renderizar com o mínimo de perdas possível pelo After Effects e obteve-se um gigantesco arquivo com extensão AVI. Esse arquivo foi enviado para um programa chamado Media 100, que depois converteu-o da forma digital para a forma magnética padrão das fitas beta. O computador em que foi renderizado contava com placas de video especiais e estava ligado direto ao gravador de beta. Aí, foi só gravar o sinal que saía do computador. A versão digital, para web, foi conseguida renderizando-se um video comprimido e de tamanho reduzido direto do After Effects. |
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